sábado, 30 de abril de 2016

Os bens do casal são divididos, mas as dívidas também!


Colocando um pouco de lado todo o aspecto doloroso e aflitivo do término de um relacionamento amoroso, é preciso conhecer os aspectos jurídicos que cercam a divisão dos bens e direitos.

Neste tema, o que ora nos importa, sendo necessários esclarecimentos, são as dívidas contraídas durante o relacionamento.

Afinal, quando duas pessoas se dispõem a compartilhar uma vida em comum, elas aceitam partilhar os frutos advindos desta união e, também, a suportarem, juntas, os pontos negativos que possam vir a ocorrer.

É bom fazer o aviso: as considerações abaixo se referem aos regimes de bens mais comuns em nossos país, quais sejam, a comunhão parcial (regra tanto para o casamento civil quanto para a união estável) e a comunhão absoluta de bens.

Pois bem, a lei prevê que, no momento do término da sociedade conjugal, o patrimônio jurídico do casal será dividido de acordo com o regime de casamento escolhido.

Patrimônio jurídico é o conjunto de relações jurídicas de que participa o indivíduo, envolvendo, portanto, a propriedade de bens, os direitos personalíssimos, os créditos e os débitos.

Portanto, o casal, por constituírem, em regra, um patrimônio comum, possuem bens e créditos a serem partilhados, contudo, também deve fazer parte desta divisão os débitos, isto é, as dívidas.

Compreendido o fato de que as dívidas também são objeto de divisão entre os cônjuges (ou companheiros), resta saber quais delas são comunicáveis para efeitos desta eventual divisão.

Os arts. 1643, 1644 e 1663 do Código Civil estabelecem, em resumo, o seguinte: a dívida será devida por ambos os cônjuges se contraídas em benefício da sociedade conjugal, ainda que apenas um deles haja se obrigado.

Portanto, débitos de cartões de crédito, empréstimos e/ou financiamentos podem ser objeto de divisão, se esses valores forem empregados em benefício do casal, seja para mantê-los ou para melhorar as condições de vida.

A título de exemplo, se um dos cônjuges, mediante empréstimo bancário, adquire uma propriedade rural durante o casamento, a propriedade será partilhada entre os dois em caso da extinção da união conjugal, entretanto o débito também poderá ser atribuído aos dois, pelos motivos já explicados.

Agora, se a dívida foi contraída por apenas um dos cônjuges, não tendo se revertido em favor do casal, ela será de responsabilidade única daquele que a constituiu. O mesmo se aplica às dívidas anteriores ao relacionamento, as quais não podem obrigar o novo parceiro amoroso.

Na verdade, o tema é complexo e exige análise caso a caso, uma vez que variam as obrigações e os regimes de comunicação de bens. Logo, se você se enquadre nestas situações, consulte um advogado(a), para que ele analise de forma pormenorizada seu caso.

Abraço a todos!


Em caso de dúvidas, sugestões, críticas ou observações, sinta-se à vontade para comentar ou enviar-me um e-mail: alexandrebrabelo@gmail.com.

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